A Chevrolet 54 e o Mangalarga Marchador
- Marcelo Junqueira Ribeiro
- 2 de jan. de 2019
- 2 min de leitura
No mundo já foram produzidos bilhões de veículos automotivos, que na maioria das vezes, após sua vida útil, viram sucata e sua história se perde no tempo. Alguns destes, porém, têm uma história a ser contada.

Uma dessas histórias é a desta caminhonete Chevrolet 3100 e de seu destino sempre ligado ao Mangalarga Marchador. Corria o ano de 1954, e o jovem Ramon Vilela Junqueira, do futuro criatório da Portela, filho do Sr. Dorval de Oliveira Vilela, de Luminárias (MG), criador dos afamados e então raros mangalargas marchadores negros, com o sufixo Fazendinha, após realizar a venda da safra de café de seu pai na cidade de São Paulo, passando a pé em frente a uma revenda de automóveis, viu uma reluzente caminhonete Chevrolet 3100 “Boca de Bagre” verde, chamando logo a sua atenção. Ficou fascinado com a sua beleza. Decidido, entrou na loja, e com o dinheiro em caixa apurado com a venda do café, não titubeou e adquiriu a Chevrolet, voltando para a sua Fazendinha a bordo da mesma.
Após alguns anos de serviços e passeios, a Chevrolet foi negociada com outro criador do Mangalarga Marchador, Aníbal Junqueira de Andrade, então começando seu criatório EDU na Fazenda Floresta, também em Luminárias. Entre muitas idas e vindas até a fazenda dos Lobos, de seu pai José Bento Junqueira de Andrade, passando pela fazenda da Bela Cruz, de seu sogro Argentino dos Reis Junqueira, a Chevrolet continuou cruzando em sua trajetória com a criação de mangalargas marchadores.

No início da década de 1960, mais uma vez trocaria de mãos, sendo negociada com o Sr. José Sebastião Nunes Maciel, o Sr. Juca da Farmácia, cuja esposa era oriunda da Fazenda Bela Cruz, que embora não fosse criador de cavalos, também era produtor rural e mantinha tropa de mangalargas marchadores de sela e serviço no seu Sítio São José, em Cruzília (MG). Foram muitos e muitos anos de serviço pesado com o Sr. Juca e seus fieis escudeiros Garrucha e Janjão, sempre na sua caçamba. Foi inclusive com ela que o então menino José Maurício Junqueira Maciel, filho do Sr. Juca, hoje proprietário do referido Sítio São José, do criatório Barão de Alfenas, deu seus primeiros passos como motorista.
No ano de 1978 chegou a hora da aposentadoria. A velha Chevrolet já havia cumprido a sua missão, percorrendo esse campos sul-mineiros e assistindo a explosão do Mangalarga Marchador como o cavalo sem fronteiras, o cavalo nacional. Foi então que eu, iniciando a criação de Mangalarga Marchador, tomei a decisão de não deixar que a Chevrolet virasse sucata e a adquiri do Sr. Juca, meu sogro. Hoje, após algumas restaurações, esse belo veículo continua parceiro do Mangalarga Marchador no Sítio Jaboticabal, sendo testemunha “viva” do seu sucesso, o qual ele tem acompanhado por mais de sessenta anos, seja através da ligação com seus proprietários/criadores ou pelas estradas que percorreu, onde o Mangalarga Marchador sempre reinou.













































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